segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Soletrando para acabar com a obesidade

Charges sempre conseguem passar muito em poucas linhas e imagens. Com a situação precária do ensino público, podemos tornar a obesidade infantil erradicada no nosso país. Talvez seja por isso que países como os EUA tem altíssimos índices de pessoas obesas ou com sobrepeso.
Por: Arthur Rocha.

sábado, 3 de outubro de 2009

O Elogio

Patrícia Pessimes, uma jovem advogada de seus 28 anos, ainda estava progredindo em sua profissão. Formada há uns poucos anos, saíra da faculdade já contratada por um escritório de advocacia no qual faria parte da sociedade, dividindo-o com mais três amigos.

A relação entre os sócios fora muito boa durante os dois ou três primeiros anos de parceria, no entanto, de uns tempos para cá, Patrícia e seus companheiros andavam divergindo em alguns pontos e ela sentia que, mais cedo ou mais tarde, os demais chegariam para ela e lhe proporiam algo em troca de sua saída do escritório.

Andava cabisbaixa por uma rua escura nesta sexta à noite. O tempo estava frio e Paty ainda se tremia dentro de seu sobretudo. Foi então que uma senhora de lenço na cabeça passou por ela em direção oposta. Esbarraram-se. Patrícia porque não notara a mulher vindo em sua direção, uma vez que se distraíra observando os livros e montes de folhas de processos cujos braços carregavam exaustivamente; já a velha mulher não parecia ter batido de frente com Paty ocasionalmente.
Assustada, falou, com espanto e de sobressalto, um “desculpe” para a mulher de lenço em cores fúnebres. Ela levantou o rosto e fitou Paty cautelosamente, parecia que enxergava a alma da moça através dos olhos de Patrícia que fechou e abriu as pálpebras como quem não acreditasse muito bem naquilo que seus olhos pareciam lhe mostrar.
A rua já estava bem mais escura e a temperatura parecia ter caído mais uns três graus, pelo menos essa era a sensação térmica sentida por Paty. Mais uma vez olhou para a velha e essa ainda a fitava, dando, em seguida, um sorrisinho de leve por entre os dentes amarelados.
Patrícia pediu licença e já estava se endireitando para ultrapassar a mulher que se virou para a jovem advogada e proferiu em tom amável: gostei de seus olhos, não enxergo muito bem à luz do dia, tenho fotossensibilidade, mas durante a noite vejo perfeitamente bem. Gostei deles. Paty fez uma cara estranha, como quem achasse o elogio pouco necessário. Em seguida, respondeu-lhe: até seriam bonitos, não fossem esses meus óculos que os escondem e acabam realçando minhas sobrancelhas que, infelizmente, eu detesto; sem contar que sempre tento escondê-las transpassando a franja do cabelo e encobrindo-as, mas nem sempre resolve, pois acho minhas orelhas não grandes, mas um tanto desproporcionais para o meu rosto, então acabo deixando o cabelo mais solto para disfarçar, além do que, me disseram que eu não fico bem de franja, ela cobre minha testa e acaba achatando meu rosto que já não tem um formato muito elegante.
A senhora parecera ter ficado confusa no meio de tantos adjetivos. Fez uma expressão de descontentamento e voltou a falar, desta vez segurando nas mãos da advogada. A luz de um poste próximo encandeou a mão da senhora sobre a mão da jovem, podendo-se notar o quão discrepantes eram as mãos das duas. Paty sentia com sua mão lisa e delicada, alva e de unhas bem feitas a aspereza da mão grosseira que se postava sobre a sua. A senhora então disse que um dia já fora preocupada com essas coisas todas, porém o tempo lhe ensinara lições muito importantes e ela já aprendera a dar maior relevância a outros aspectos da vida. Quando se é jovem qualquer espinha é um tumor maligno, qualquer volume a mais no cabelo é um passaporte pra amargura, qualquer fio fora do lugar é um salto no precipício.
O mesmo oxigênio que usamos para respirar envelhece nossas células e, com o decorrer dos anos, ele nos leciona valores fundamentais pra se manter sempre jovem, mesmo com 64 anos. Paty sentiu a senhora apertar com força sua mão direita. Tive quatro filhos, ela disse, todos lindos e saudáveis, mas de que adianta terem se tornado pessoas sadias do ponto de vista fisiológico e por dentro não possuírem o mínimo de compreensão, sentimento, reciprocidade. Nada. Hoje, sozinha, ando por ai sujeita à sorte do tempo.
Patrícia sentiu a frieza com que a mulher falava de como levava a vida, ao passo que também sentira a amabilidade com que falara dos filhos. Olhou para a pele enrugada da senhora e viu as profundas marcas de dor, batalha e superação fortemente traçadas sob os olhos, no centro da testa, nas laterais do rosto. Pensou, então, nos poucos vínculos que possuía com a vida, não tinha familiares na cidade, todos – que se resumiam a um tio, uma tia e dois primos – residiam no Norte, os pais já falecidos e irmãos não havia. Segurou a lágrima. Palpitou o peito. Ressecou-se a garganta. Contraiu-se a pupila. Encolheu os dedos. Esfriou-se a mão. Estalou-se o pé esquerdo.
O que estaria fazendo nesse mundo? Onde estavam os sonhos que não mais perseguia? E o intercâmbio na Inglaterra? E a visita aos parentes do Norte? Todos esses pensamentos ocorreram de modo tão repentino e veloz que a senhora ainda estava com a mão sobre a da moça e ainda olhava para seu rosto tão expressivo agora depois de todas essas reflexões.
Paty perguntou para onde a mulher estava indo. Foi respondida com um simples “nem sei, para onde Deus quiser me levar”. Paty só tinha seu emprego, nada mais lhe prendia àquele lugar, emprego que já estava prestes a perder. Disse para si mesma que voltaria para os tios, e de lá poria em prática todos os planos que havia feito durante a faculdade: do intercâmbio à publicação de um livro. Sentiu a senhora soltar seu braço e dar-lhe um tapinha encorajador no ombro. Paty correu em direção ao seu carro usado e recentemente adquirido o qual se encontrava uns sete metros mais adiante. Jogou tudo o que trazia nas mãos em cima do banco traseiro, baixou o vidro do motorista e acenou para a velha que a essa altura já nem mais se encontrava naquele local.
Com uma das mãos sobre o volante, fechou o vidro com a outra e pousou a mesma mão sobre um pequeno papel que estava entre os documentos judiciais que vinha carregando. “Boa sorte”. Sorriu enquanto segurava. Ligou o motor do veículo, engatou a marcha e saiu na estrada à direita.
Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O salto para a vida

Léa Bleiman, Alicja Zofia Nuzsy ou mesmo Léa Mamber tem sua história real contada pela escritora Célia Valente em “O salto para a vida” (editora FTD, 133 páginas, 1998). Os três nomes, apesar de diferentes, tratam da mesma pessoa: uma mulher batalhadora e apaixonada não só pela vida, mas também por viver.

Célia Valente, nascida em Cairo – Egito, além de escritora, é jornalista e veio para o Brasil em 1959. Ela já trabalhou na revista Exame da Editora Abril, na Gazeta Mercantil, na Folha de S. Paulo e na Editora Nova Cultural. Célia escreveu esse livro a partir dos depoimentos de Léa Mamber, judia polonesa residente no Brasil, e com eles construiu uma narrativa envolvente, instigante e, acima de tudo, que serve de exemplo para os leitores.
Léa é judia e, por isso, durante o avanço das políticas Nazistas, mais especificamente com o início da Primeira Guerra Mundial, sua vida mudará completamente de rumo. A jovem que morava com a mãe Elka acaba tendo seu cotidiano abalado com a invasão das tropas de Adolf Hitler ao território polonês, onde Léa residia. Todos os familiares de Léa são exterminados pelos nazistas e apenas ela consegue escapar num “salto para a vida” que dera quando ainda estava com a mãe num dos vagões de trem que as levaria para campos de extermínio de judeus. Elka se separa da filha e vai parar num dos campos de concentração, sendo executada e alvo das arbitrariedades nazistas.
É através da fuga que Léa passa a viver ilegalmente como alemã. Adota nova identidade - Alicja Zofia Nuzsy – e passa a viver entre os alemães nazistas secretamente. Ao longo de anos, acabou adotando não só essa, bem como outras identidades, na tentativa de sobreviver frente ao avanço dos regimes totalitários em boa parte da Europa do século XX.

Somente depois de muitas provações e de se sobrepor a tantos obstáculos, Léa encontra Natan Mamber, com quem se casa e, depois de pouco tempo morando na Polônia, os dois resolvem se mudar para o Brasil, numa tentativa de deixar para trás a Europa pós-guerra, completamente arrasada e afundada em dívidas, em especial com os EUA que posteriormente viria a se apresentar como a potência que hoje é. Em 1947, no novo país, o casal Mamber desembarca em São Paulo e só depois vai para Curitiba. No mesmo ano se deslocam para Mafra, interior de Santa Catarina, onde criam os três filhos e passam a ganhar a vida como comerciantes. Em 62 morre Natan, vítima de um câncer. O mesmo viera a ocorrer com Léa em 1993.
O livro é bastante ilustrado, trazendo muitas fotos e documentos reais que auxiliam no processo de leitura, o que aproxima ainda mais você leitor da história de luta de Léa para escapar da perseguição Nazista. Uma história verídica cheia de reviravoltas e bastante emocionante que vale a pena ser conhecida.

Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Übermodel e embaixadora

Foi numa cerimônia em Washington Square Park - Nova York - que a übermodel Gisele Bündchen se tornou, novamente, foco dos muitos holofotes da mídia. Dessa vez não foi por conta da gravidez já tão comentada de Gisele com o marido Tom Brady - filho que, por sinal, já tem até nome: Gabriel - mas sim pela sua nomeação como embaixadora da boa vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês). A entrega do título pelas mãos do diretor executivo do Unep, Achim Steinero, correu no último domingo (20).

Como defensora do meio ambiente, a modelo internacional mais famosa disse: “O meio-ambiente sempre foi minha paixão. Cresci numa cidade pequena [Horizontina - RS] e tive a oportunidade de viver cercada pela natureza. Precisamos agir agora para que as gerações futuras tenham a mesma oportunidade. A Mãe Terra é o nosso sistema fundamental de vida e se nos tornarmos conscientes e responsáveis agora, podemos ajudar a preservar o planeta”.

Para aqueles que acham que celebridades em favor do meio ambiente é só uma questão de moda, com a über Gisele é bem diferente. Ela possui várias iniciativas pessoais: o reflorestamento da vegetação ribeira na região onde Gisele nasceu; a criação de um desenho animado na internet que apresenta Gisele como uma heroína do meio-ambiente; participação como membro da Aliança Floresta Tropical; criação de um site para ajudar na conscientização das pessoas ante as questões ambientais do planeta; e o apoio financeiro em projetos como o Ikatu Xingu, Nascentes do Brasil, De Olho nos Mananciais e Florestas do Futuro.

Por: Arthur Rocha.

sábado, 12 de setembro de 2009

Às pessoas altas

Num estudo feito pela Universidade de Princeton, em Nova Jersey e que foi publicado na revista Economics and Human Biology, as pessoas mais altas são mais bem sucedidas naquilo que fazem, desde um maior otimismo nas atividades cotidianas até a avaliação do estilo de vida num campo geral.
A pesquisa mostrou que dentre os 450 mil americanos adultos que participaram do estudo, os que afirmaram que seu estilo de vida era o pior possível eram, no geral, dois centímetros mais baixos que a média de estatura da população geral. O mesmo foi válido para as mulheres que se disseram infelizes, elas são 1,3 centímetros mais baixas que a média de altura entre a população feminina.
Pode não parecer muito merecedor de confiança, mas além do estudo anterior, outros sobre essa mesma questão também já foram realizados. É o caso de um estudo nacional feito por um professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (ex-Ibmec de São Paulo) e uma professora da Universidade de São Paulo.

Segundo o estudo, mulheres que apresentam estatura entre 1,70 m e 1,75 m, recebem 20,4% a mais do que as mulheres com estatura entre 1,50 m e 1,60 m. Já os homens entre 1,80 m e 2,10 m ganham, em média, 70,2% mais do que os com altura entre 1,60 cm e 1,65 cm.
Eu tenho 1,80 m. Será que dá pra acreditar nisso?


Por: Arthur Rocha.

domingo, 30 de agosto de 2009

As sete maravilhas naturais do mundo

Depois que foram eleitas, em 2007, as sete maravilhas do mundo contemporâneo construídas pelo homem - lembrando que o Cristo Redentor no Rio de Janeiro foi eleito uma das sete - chegou a vez de votar e decidir quais as sete maravilhas naturais do mundo.

Dessa vez o Brasil possui dois representantes, o que é melhor ainda. Estão participando da votação o rio Amazonas e as Cataratas do Iguaçu, ambos se encontram entre os 14 finalistas da votação que ocorre via internet.
Além desses, também concorrem o Mar Morto, as Ilhas Galápagos, o Grand Canyon, a Grande Barreira de Corais Australiana, dentre outras belezas naturais dos quatro cantos do mundo.

A decisão final esta prevista para 2011, mas a votação já está rolando na internet e você pode participar escolhendo sete entre as opções através do site: http://www.new7wonders.com/

Os organizadores do evento estão na espectativa de contabilizar um bilhão de votos vindos de todo o mundo.

Eu já escolhi as minhas sete maravilhas naturais, faça você o mesmo e ajude o Brasil a, mais uma vez, eleger seus representantes.
Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Homicídio

Nesta segunda dia 24 de agosto - ontem - foi determinada por um juiz, em Los Angeles, a morte de Michael Jackson como sendo homicídio. O fato se deu com a confirmação através de depoimentos e testes que garantiram níveis letais do analgésico Propofol no sangue do eterno Rei do pop.
O médico de Jackson que lhe receitava os remédios afirmou que serviam para curar a insônia do astro, o que funcionou perfeitamente. Ele agora não sofre mais de insônia, bem como de qualquer outra patologia ou enfermidade, afinal, como eu disse anteriormente, foram doses letais. Eu preferia permanecer vivo na insônia a dormir por toda eternidade, mas opinião é que nem bunda, cada um tem a sua e quem quizer que dê.
Por: Arthur Rocha.

sábado, 22 de agosto de 2009

Valsa com Bashir: A dualidade de uma ficção real.

Resultado das tensões e conflitos entre árabes e israelenses pelo território da Palestina, a Guerra do Líbano (1982) é retratada em “Valsa com Bashir” através da grandiosidade do diretor Ari Folman com suas animações em 3D, vetorial (ou em flash) e a convencional, mas não menos importante, animação feita à mão.

O filme, lançado em 13 de Maio de 2008 durante o Festival de Cannes, foi escrito, dirigido e protagonizado pelo israelense Ari Folman que, através de um documentário animado – tido por muitos críticos como um dos precursores de um novo gênero cinematográfico: o documentário em animação – o veterano da Guerra do Líbano, tenta recuperar suas memórias perdidas da época na qual participou do conflito no Oriente, mais especificamente dos massacres de Sabra e Shatila, campos de refugiados palestinos localizados a oeste de Beirute.
“Valsa com Bashir” – vencedor do globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, entre outros 15 prêmios ao redor do mundo – traz Folman buscando e ouvindo o relato de demais pessoas que participaram ao lado dele na guerra durante a década de 80, sendo esta a única forma dele ter certeza do que se passou durante o conflito no Líbano, uma vez que a única lembrança guardada em sua mente era uma situação estérea em que, envolto de água do mar, ele observava uma cidade destruída sob a luz de sinalizadores noturnos.

Como explicou Ori Sivan – terapeuta amigo de Folman – a memória é fluída, portanto, ela é passível de mudanças, podendo ser recriada a cada momento, ainda mais quando se trata de uma lembrança distorcida como a de Ari Folman. Do mesmo modo é apresentada a película: ela trata da realidade, mas se utilizando do recurso da animação, recriando a realidade sob uma ótica que desperta um interesse maior no espectador, como intencionalmente o próprio diretor afirmou: a animação foi uma escolha natural, a que melhor auxiliaria no processo de revirar o passado, e ajudaria a atrair para o filme um público jovem que sabe pouco sobre essa guerra, tanto em Israel como no resto do mundo. Além do que, fugiria do formato tradicional de documentário baseado em entrevistas, explorando o lado ficção que a realidade pode ter.

A valsa é uma metáfora do momento no qual um dos soldados passou atirando com sua metralhadora, como se estivesse valsando com a sua arma por um curto período, mas que pareceu para ele uma eternidade. Já Bashir, refere-se a Bashir Gemayel, presidente libanês assassinado numa explosão nunca explicada.

Folman expande os limites do documentário ao inserir imagens reais de arquivo em que mulheres confinadas ao extermínio gritam em desespero, bem como imagens de corpos vítimas do massacre. Tais imagens – cenas realmente chocantes - são exibidas estrategicamente no fim do filme para nos lembrar que, apesar da dualidade ficção cinematográfica X documentário real, a Guerra do Líbano de fato existiu e as raízes de suas conseqüências atingem os dias de hoje.

Em suma, “Valsa com Bashir” utiliza recursos jornalísticos para produzir um documentário a partir de diversas entrevistas e arquivos com pessoas que fazem parte da vida real e, com isso, transportar tudo para o universo da animação, mesclando a realidade ao fictício, porém sem perder o tom sério e informativo. É ai onde ficção e realidade se encontram, não por acaso “Valsa com Bashir” é uma espécie de graphic novels, uma forma moderna e artística de jornalismo que desenvolve a tendência de levar as animações para os adultos.

Assista agora ao trailler do filme e disperte ainda mais seu interesse:



Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pizzas e pizzas


Fui almoçar hoje no shopping e depois de muito tempo decidindo o que comer, eis que opto por uma pizza. Pode parecer estranho para alguns pizza no almoço, mas de fato foi o que ocorreu. A demora toda para decidir o que comprar, nao vou mentir, foi pelo preço. Como as praças de alimentação exploram os consumidores. Os preços são altos e muitas vezes não compensam o prato escolhido. No entanto, o fato é que nem no restaurante mais caro por lá eu poderia encontrar algo como o que achei numa página da Internet - pois é, olha ai como a "net" (pros íntimos) serve pra alguma coisa. O que eu encontrei? eis a resposta: o jornal americano Daily News lançou a lista entitulada "10 Most Expensive Foods on Earth" - traduzindo, as 10 comidas mais caras do mundo - foi então que me deparei com uma pizza, ou melhor a Pizza. E ela até nome tem: Pizza Torta no Céu - não so nome como dois sobrenomes, de pai e mãe.

Ela é feita sob encomenda, leva creme fraiche (creme de leite fresco levemente envelhecido) , 4 tipos diferentes de caviar, salmão, cauda de lagosta e pimentas especiais com Wasabi. Achou pouco? Pouco foi a minha frango ao catupiry com zero de requinte hoje mais cedo.

Todavia, o que faz dessa pizza tão especial não é apenas seus ingredientes. Não? não. E o que mais? O preço. A belezinha que pode ser encontrada em Manhattan, feita pelo chef Nino Selimaj, custa não mais nem menos que... Chuta? Humm... mil doláres? Se essa foi a sua resposta, acertou. É por isso que eu digo que existem Pizzas e pizzas.

Por: Arthur Rocha.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Paciência e Persistência - crítica filme "De porta em porta"

Foi com essas duas virtudes ensinadas pela mãe que Bill Porter (William H. Macy) mostrou do que era capaz. Em “De Porta em Porta” (Título original no inglês: “Door to Door”, Estados Unidos, 2002) Bill é portador de uma deficiência que dificulta sua fala, bem como limita seus movimentos, em especial do braço direito. Todavia, tais limitações não foram suficientes para barrar a força de vontade e, principalmente, a paciência e persistência de Bill Porter na luta por seu espaço no meio social.

Durante toda a vida, Bill Porter morou com sua mãe (interpretada pela atriz Helen Mirren) numa casa cuja posição de cada objeto em seu interior era previamente escolhida visando a facilitar Porter em seus afazeres diários, como se vestir, tomar café da manhã ou assistir TV. Mas aquela vida que levava estava muito aquém dos sonhos de Bill. Ele queria firmar sua função na sociedade e idealizava isso através de um emprego. Analogicamente falando, é como se essa sociedade fosse a natureza e nosso amigo, um espécime na busca por exercer seu nicho ecológico.

É assim que Porter, subsidiado pelo lema de sua mãe, consegue emprego como vendedor na Watkins Company depois de ser inicialmente rejeitado por suas limitações, mas pouco depois aceito, uma vez que Bill se oferece para trabalhar na rota mais difícil da companhia.

Começou timidamente, mas logo no primeiro dia como vendedor já pôde ficar orgulho de ter feito uma venda, sua primeira venda. Foram apenas 4,25 dólares, porém, mais que isso, essa pequena quantia foi o passo inicial para Bill Porter receber, depois de mais de 40 anos trabalhando pela Watkins, o prêmio de vendedor do ano, com mais de 42 mil dólares em vendas. O trabalhador é homenageado e, orgulhoso, passa uma lição de vida não só para os espectadores fictícios que o assistem na cerimônia de entrega do prêmio, como também para os reais que o vêem em casa através da tela de seus televisores e se comovem com a história de luta e vitória mais que merecida de um grande homem.

O filme é excelente não só ao trabalhar a questão do preconceito e das barreiras enfrentadas por quem possui alguma deficiência, mas também por explicitar, em histórias paralelas à do protagonista, todavia que se entrelaçam formando um todo conexo, situações verídicas como a de vizinhos que vivem em guerra, de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, da vida solitária de uma alcoólatra reclusa, dentre tantas que dão ao telespectador a possibilidade de se identificar com no mínimo um desses muitos casos, o que acaba por prender a atenção de qualquer pessoa.

Outro excelente ponto a se destacar é que Bill, apesar da dificuldade na comunicação falada, não possui nenhuma dificuldade quando o assunto é comunicação do coração. É com sinceridade, atenção, respeito, preocupação, dedicação e zelo que o grande vendedor conquista a vizinhança da rota mais difícil da Watkins. Ele não somente se envolve nos problemas dos clientes, ouvindo-os quando necessário e dando opinião ou conselho quando coerente, como passa a fazer parte da vida de cada um daqueles que abriram a porta de casa para a igualdade, independência e determinação do Sr. Porter.

Assim, Bill serve de exemplo aos vendedores que enxergam os clientes friamente apenas como fonte de renda dos quais se possa extorquir dinheiro, mostrando que é mais importante entender as necessidades dos clientes, ouvir de forma interessada, quebrar preconceitos, tornar-se amigo.

Fica também a crítica aos modernos sistemas de vendas que tratam as pessoas como objetos e que acabam por excluir aqueles que nem sempre estão aptos a trabalhar tão eficazmente com a tecnologia (exclusão digital), bem como da substituição do trabalho humano e do contato pessoal e face à face pelos telefonemas impessoais e musiquinhas de espera em serviços de telemarketing.

“De Porta em Porta” é um excelente filme que vale a pena assistir e se comover com a história verídica de Bill Porter: mais que um vendedor, um vencedor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Beijo Gay em Reality Britânico

Foram necessárias dez edições do reality show Big Brother na Inglaterra para os espectadores presenciarem um caso até então nunca visto nas edições anteriores: o brasileiro Rodrigo lopes (estudante paulista de 23 anos, já indicado por muitos como o favorito para vencer o programa) e o inglês Charlie Drummond foram os protagonistas do primeiro relacionamento gay no reality show.

Os dois trocaram beijos - no já tão clichê edredon dos Big Brothers - ontem (quarta-feira dia 22/07) e estão sendo alvo atual da imprensa britânica. Comentários a respeito do assunto entre os telespectadores, como já imaginado, são constantes.

Os participandes, antes de publicamente mostrarem o que havia entre eles, já haviam passado por situações bastante íntimas como a vez em que Charlie depilou as pernas de Rodrigo num banho à dois, ou quando trocaram selinho dentro do confinamento.

O fato é que a novidade está dando o que falar na Grã-Bretanha. E até hoje nada parecido surgiu nas edições brasileiras. Será que o BBB10 trará algo do tipo assim como a décima edição britânica? Esperemos.

Por: Arthur Rocha.

domingo, 5 de julho de 2009

Terra Mapeada


Realizado pelo ônibus espacial Endeavor em 2000, a Nasa desenvolvera, até então, o mais completo mapa topográfico da superfície da Terra. Ele cobria cerca de 80% da superfície do planeta e possuía imprecisão nos dados de determinadas áreas, como as de desertos e as que correspondiam a terrenos muito íngremes.

Entretanto, com o projeto elaborado pela Nasa e pelo Ministério do Comércio do Japão, o planeta Terra agora possui um mapa cartográfico que cobre uma área correspondente a 99% da superfície terrestre.

As imagens topográficas capturadas pelo radiômetro Áster (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer, ou Radiômetro Espacial Avançado de Emissões Térmicas e Reflexão) são os dados digitais de elevações mais completos e consistentes já divulgados no mundo, como disse Woody Turner um dos participantes do feito. E serão liberados para serem baixados, bem como seu uso será gratuito, podendo ser utilizados para usuários e pesquisadores de um amplo leque de disciplinas que precisem de informações sobre terreno e elevações.


Por: Arthur Rocha.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quero

Quero ser completo
Quero completamente

Quero trocar a efemeridade do sonho humano
Pela atemporalidade do sonho imortal

Quero, dos pedacinhos, pedacinhos

Quero a pele macia do bebê
Quero as amizades da infância
Quero a liberdade adolescente
Quero a responsabilidade do adulto
Quero a experiência dos mais velhos

Quero a proteção de recém-nascido
Quero os sorrisos de criança
Quero o faz-de-conta infantil
Quero a expectativa do adolescer
Quero as descobertas da puberdade
Quero a maturidade da vida adulta
Quero a sabedoria do envelhecer
Quero a essência
Quero...
Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Beleza Fundamental

O que antigamente só era efetivado em artistas famosos e prostitutas de luxo, hoje é tão comum quanto ir ao supermercado. As intervenções cirúrgicas são feitas por homens e mulheres das mais discrepantes idades e nacionalidades com o objetivo de reestruturar o corpo ou o rosto, tornando-se, supostamente, mais felizes. Entretanto, será que a felicidade realmente se encontra por trás das lâminas de um bisturi, canos de lipoaspiração ou aparelhinhos de massagem que derretem gordura?

Há indícios de modificações estéticas no ser humano desde civilizações viventes 7000 anos a.C. Nesse tempo, eram feitas pequenas intervenções cirúrgicas, como implantes de dentes; atualmente, o primeiro lugar nas cirurgias feitas em todo mundo não é para o implante dentário como no Egito antigo, mas sim para as lipoaspirações do século XXI.

As tecnologias se desenvolveram tanto que já se é possível alterar a estatura de um indivíduo em até dez centímetros, como também alterar a estrutura da língua para adaptá-la a uma melhor pronúncia no inglês. No entanto, até onde é válido se arriscar numa plástica?

Há quem não pense duas vezes antes de fazer uma correção de nariz, queixo, barriga, seios, mandíbula, etc. Contudo, vale ressaltar que qualquer procedimento cirúrgico – seja com finalidade estética ou não – exige o acompanhamento de um bom profissional na área da saúde, boa instituição onde será realizada a cirurgia e também é necessário seguir à risca todas as recomendações médicas prescritas, ou seja, nada de querer voltar às atividades cotidianas antes do tempo prescrito de recuperação.

Os cuidados com a aparência sempre foram presentes na humanidade. Todavia sempre existiram os chamados “padrões de beleza” em determinadas épocas os quais sempre estavam se modificando de acordo com a evolução dos povos, a mídia, a mudança dos valores e costumes da sociedade, a influência das musas do cinema e da TV e a moda. Como exemplo dessa evolução dos chamados “padrões” temos, no período renascentista, mulheres mais rechonchudas - o que representava fartura; por volta das décadas de 50 e 60 a mulher-violão – cintura fina, quadris largos; já a partir dos anos 80 iniciou-se a tendência “mulher tábua” - com um exacerbado culto à magreza. Daí para cá, as modelos que sempre conquistaram as platéias e passarelas passaram a conquistar o gosto do povo: Gisele Bündchen, Daniela Cicareli e tantas se tornam as musas e donas da verdadeira beleza. Foi então que as aulas de aeróbica nas academias de ginástica e a lipoaspiração deslancharam, tornando o culto ao corpo sarado com músculos definidos o sonho de qualquer um. As academias e spas lotam, o mercado para os personal trainers surge demasiadamente ampliado e os apetrechos milagrosos mostrados na televisão que prometem deixar qualquer um em forma em pouco tempo são vendidos como água no deserto.

Mas, independentemente da época, os “padrões de beleza” nem sempre contemplam a maioria das pessoas, tornando a vida delas uma verdadeira ditadura – dessa vez, não da Era Vargas, mas da Era Bündchen. Desde criança, meninos e meninas brincam com Barbies e Max Steels que, inconscientemente, já ditam modelos a seguir. É desse modo que, cada vez mais precoce, as vítimas dessa ditadura sofrem com doenças já tão conhecidas e divulgadas por veículos comunicativos - a bulimia e anorexia; além de outras, não tão repercutidas, como a vigorexia, drunkorexia e ortorexia.

A boa forma, a saúde e a beleza devem ser priorizadas, entretanto a população deveria alcançar esses méritos com exercícios saudáveis e alimentação adequada. O que não ocorre, pelo contrário: as pessoas ingerem alimentos inapropriados e altamente calóricos já visando a, posteriormente, retificar a problemática numa mesa de cirurgia, tomando altas doses de remédios ou exagerando na série de exercícios, transpassando seus limites. Não é por acaso que os Estados Unidos não somente são os campeões do maior índice de população obesa do mundo - e quanto fast food! – quanto de execuções de plásticas interventoras e corretivas.

A tão famosa frase do escritor Vinícius de Moraes "As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental" não deve ser levada tão ao pé da letra. Afinal, se a beleza está nos olhos de quem vê, de que adianta está sempre se enquadrando aos padrões da mídia? O importante é ter saúde e se sentir bem consigo.

Por: Arthur Rocha.

sábado, 6 de junho de 2009

Semana do Meio Ambiente em Natal.

Ontem, dia 5 de Junho, foi dia mundial do Meio Ambiente (data criada pela ONU em 1972 na Conferência das Nações Unidas). Para tal data, foi organizada, na cidade do sol, a Semana do Meio Ambiente em Natal, que teve início dia 30 de Maio e termina hoje dia 06 de junho, com várias atividades ligadas à preservação ambiental.
Foram distribuídos cartazes como este, contendo todo o programa de atividades dessa semana do meio ambinte na nossa cidade:


Dentre essas atividades, tivemos blitze ecológica e distribuição de mudas de árvores, cartilhas e lixeirinhas no Largo do Machadão, em Lagoa Nova, no Norte Shopping, na avenida Roberto Freire e na praça Augusto Leite; e o projeto praia limpa na Praia do Meio.

Houve também, no shopping Midway Mall (3º piso), o corredor ecológico em que os visitantes puderam conferir uma espécie de labirinto no qual, ao longo de seu trajeto, são mostradas as ações do ser humano sobre a natureza, como a poluição sonora, a urbanização desordenada, o aquecimento global, o lixo.

Dorian Gray, Flávio Freitas, Canindé Soares (fotógrafo), Sayonara Pinheiro, Jean Sartief, Isaías Ribeiro, Selma Bezerra e Adriana Lopez participaram do evento expondo seus trabalhos artísticos sobre o meio ambiente.

A atração inovadora do evento ecológico foi a “calculadora ecológica”, programa em computador com o qual os visitantes poderiam saber, individualmente, sua quantidade de emissão de dióxido de carbono (CO2) no planeta. Para chegar ao resultado, o visitante responde a cinco perguntas e, em seguida, o programa diz quantas árvores deverão ser plantadas por ano para que haja uma compensação na quantidade de emissão de gás carbônico no mundo por parte do visitante.
O corredor ecológico esteve à disponibilidade até a sexta-feira (05 - 06), das 10h às 22h e a entrada era gratuita.

Por: Arthur Rocha.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Desenvolvendo tecnologias e problemáticas - Filme Tempos Modernos.

Os avanços na tecnologia e no campo científico trouxeram, sem dúvida, muitos benefícios à vida diária humana, todavia, como explicitado de maneira grandiosa e bem humorada por Charles Chaplin na obra cinematográfica “Tempos Modernos”, tanto desenvolvimento tecnológico acabou também desenvolvendo sérias conseqüências para a sociedade.
Uma dessas é a exploração do trabalho humano nas indústrias, obrigando os trabalhadores a abandonarem a produção artesanal – típica do período que precedeu a Revolução Industrial – e ingressarem num trabalho repetitivo e especializado, dominando apenas parte da produção e perdendo o conhecimento sobre as demais. Situação vivenciada por Carlitos (personagem de Chaplin em “Tempos modernos”), que perde seu emprego na fábrica onde apertava parafusos e onde fora sempre induzido a desempenhar seu trabalho sem contestar ou ter consciência do que fazia, passando, em seguida, a trabalhar num novo emprego: na construção de um navio. Lá, o ex-operário – tão habituado as suas tarefas repetitivas na indústria – não conseguia desenvolver uma atividade simples quanto achar um pedaço de madeira específico, coisa que lhe exigia capacidade de raciocínio maior que a qual estava acostumado.

Associada a exploração do operário temos a falta de direitos trabalhistas, que não impediam os chefes e donos de fábricas de obrigarem seus empregados a cansativas 12 e até 14 horas de serviço, muitas das vezes sem pausa para almoço – como é visto em “tempos modernos” a construção de uma máquina que poupa o trabalhador do intervalo para almoço, fazendo-o produzir mais e ampliar, assim, a rentabilidade e lucratividade da empresa.


Outra conseqüência é o acirramento das desigualdades sociais – fator já existente desde as antigas civilizações, quando passou a haver, dentro de uma mesma aldeia, diferenciação do trabalho executado por indivíduos distintos. As classes baixas continuam na luta por um emprego nas grandes indústrias e propriedades das classes altas que, por sua vez, enriquecem ainda mais com a exploração do trabalho operário. Vemos, no filme, tal fato quando Carlito está sentado ao lado de uma senhora rica e bem aparentada e os dois tomam do mesmo café que acaba por fazer mal, conseqüentemente, a ambos. A mulher toma um medicamento para aliviar a sensação, todavia Carlito se vê sem esse recurso, uma vez que se trata de um privilégio das altas classes e não da massa operária.

Tem-se também a questão do consumismo, tão difundido com a expansão do capitalismo logo após a Revolução Industrial. As máquinas estavam a todo vapor e para tantos produtos sendo fabricados é necessária uma política consumista ser disseminada entre a população, deixando-a apta a consumir tanto quanto for necessário para esvaziar as prateleiras e mais produtos serem confeccionados, assim, aumentam-se os negócios e ampliam-se os lucros – palavra tão apreciada no sistema econômico capitalista.
Observa-se isso quando Carlito e sua companheira passam uma noite numa loja de departamentos, usufruindo toda a mercadoria que talvez, nem em cem anos de trabalho, teria condições de obter. A moça se enaltece pelos casacos de pele, brinquedos e artigos de luxo que pode desfrutar na loja que Carlito trabalhava como vigia noturno.

Há, ainda, a repressão aos trabalhadores que não podem reivindicar seus direitos, sendo acusados de comunistas por parte das autoridades policiais; as classes baixas sendo obrigadas a se satisfazerem com o mínimo de recursos para sua sobrevivência; a falta de infra-estrutura das cidades que não conseguem comportar tanta gente vinda do campo com a utopia de progredir no desenvolvimento da cidade grande, o que acaba por gerar indivíduos como Carlito e a moça, pobres, desempregados, sem moradia ou residindo em barracos e roubando comida para se sustentarem.

Os tempos modernos não só desenvolveram o progresso científico-tecnológico-informacional, como também desenvolveram uma série de deficiências sociais. A facilidade e os benefícios trazidos com a modernidade se diluem na desigualdade, na criminalidade, na perda de valores, no descaso com os recursos naturais, na favelização, na falta de infra-estrutura urbana, no inchaço das metrópoles e no aumento da violência. Assim como metaforizado em “Tempos modernos”, a máquina que engole Carlito na fábrica é uma demonstração de que a tecnologia pode, realmente, devorar o homem e esse processo ocorre devido todas essas problemáticas engajadas ao moderno.

Por: Arthur Rocha.

domingo, 31 de maio de 2009

Castelos de areia

Ana, muito bem disposta, acordou cedo nesse sábado quente e ensolarado de Janeiro, o que não é de se espantar para alguém que mora nos trópicos. Agora, sentada e sentindo a suave brisa, passavam por sua cabeça as lembranças da época em que vinha com o pai para aquela mesma praia. Chegavam a passar o dia inteiro debaixo daquele sol, fazendo castelos de areia.

Respingos da água salgada atingiam seu rosto e rapidamente secavam com o vento que soprava agora mais intensamente sobre sua pele recoberta por filtro solar que, desde a infância, seu pai tanto insistia para que a filha jamais deixasse de usar. Imaginou o que ele não diria se visse seu anjinho – era assim como ele costumava chamá-la - com a clara pele desprotegida sob os intensos raios daquele astro, ainda mais nesses tempos de aquecimento global.

Esticou o braço e com uma das mãos passou a modelar o monte de areia em sua frente. As ondas, já mais fracas, chegavam até os seus pés. Ana sorria e continuava a elevar as mais lindas torres do seu castelo. Ficaria conhecida entre a realeza como a princesa do castelo mais bonito e que ela mesma o havia construído. Uma ponte interligava as alas leste e oeste. Foi então que subitamente uma onda mais forte invadiu o castelo. A princesa Ana ficou atônita, não sabendo como reagir frente tal situação. Seu reino inteiro estava sendo invadido por uma tsunami e os seus soldados de elmos dourados pareciam nada diante do desastre natural.

Indignada, percebeu que não adiantava construir seu palácio sem antes observar as condições do terreno. Afastou-se uns 2 metros para longe da água e tornou a construir a base do que seria seu novo reino. Muitos súditos chegavam para auxiliá-la, afinal, Ana sempre fora uma boa princesa. Novos soldados participavam dos treinamentos nos desertos de areia fina que circundavam o império, precisavam estar mais bem preparados para os muitos perigos que pudessem surgir e ameaçar a integridade da realeza e dos súditos. Dessa vez, aprendendo com a experiência anterior, Ana deixou as bases do castelo bem firmes e só então elevou as quatro torres principais. A construção já ganhava forma e Ana caprichava em cada contorno. Foi então que uma chuva repentina encharcou os salões de seu castelo ainda nem terminado. Agora já mais preparada, levantou-se e arrastou para mais perto de sua construção algumas palhas de coqueiro caídas, recobrindo-a. Pôde, assim, amenizar os estragos que a grande tempestade poderia lhe ter causado.

Algum tempo depois, com o sol já brilhante novamente. Descobriu o palácio e reparou os pequenos estragos. Quando repôs a última plantinha no jardim real, Ana teve uma sensação de alívio que pouco durou. Garotos jogavam bola alguns metros dali e um deles acabou por acertar uma das torres, desmoronando-a. Ana, tomando uma postura de princesa devolveu-lhe a bola e aceitou as desculpas com sutil sorriso. Os garotos voltaram a jogar e a princesa remexia os destroços de parte de seu palacete. Foi então que descobriu entre os grãos de areia algo metálico. Tratava-se de uma medalhinha com o desenho de um anjinho gravado na superfície de metal. Lembrou-se do pai. Lembrou-se de quando ele a chamava de meu anjinho. Lembrou-se de quando riam enquanto construíam castelos de areia naquela praia. Foi então que levantou, afinal, já entardecera e estava na hora de voltar para casa. Ana passou pelos garotos e disse um muito obrigado tão sorridente que todos olhavam pra ela com um brilho especial nos olhos. Foi distribuindo gentilezas por todos que encontrava no caminho entre a praia e seu apartamento.

Sobre a cama, Ana refletiu o quanto é importante aprender com tudo que passamos; tirar bom proveito até das situações mais complicadas; construir nossas bases em terrenos sólidos; aprender que nada que nos acontece é por acaso; que mesmo quando as pessoas tenham, aparentemente ou não, lhe feito mal não vale a pena retribuir tal atitude; que um sorriso faz toda a diferença; que não custa nada sermos gentis com o próximo; que sonhar não é coisa de gente boba; que preservar a imaginação de criança mesmo não sendo mais uma é um privilégio de poucos; e que todo obstáculo que nos apareça é pequeno diante do tesouro que encontraremos no fim de tudo. Vale a pena construirmos nossos castelos de areia.

Por: Arthur Rocha.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Muito prazer, Miss Simpatia

Não, meu bem, não é exclusividade sua. Eu mando esse meu olhar penetrante e esnobe para todos os visitantes desse blog. Meu nome é Cláudia e o prazer é todo seu, eu já sei disso. Sou uma típica telefonista da cidade de São Paulo dos idos de 1950, mas não me ouse chamar de velha, eu sei muito bem que é isso o que você está pensando, insolente.

Meu olhar intenso, minhas sobrancelhas bem desenhadas e esse coque todo estilizo são meu charme e ninguém resiste a ele. Então é melhor se entregar, deixe nome, telefone e idade que, talvez, eu te ligue, meu bem. Sou muito sincera, você já deve ter notado essa minha virtude dentre tantas outras que possuo. E não, não irei revelar assim diretamente quais são essas infinitas qualidades, acredito no seu mísero potencial suficientemente para saber que você pode descobri-las sozinho.

Sempre fui assim simpática e carismática desde a infância. Cresci ouvindo meu pai reclamar do governo e hoje envelheço vendo meus filhos falarem a mesma coisa. Adoro trabalhar com telefonia, sempre tive um talento nato para a área de comunicação e meu maior sonho - depois da cirurgia de catarata que ainda não pude realizar, pois meu plano de saúde não cobre – é estar à frente de um grande jornal, seja impresso ou na TV.

Não reparem nos meus óculos, eu já sei que eles me tiram o ar jovial que possuo, mas o que farei? Miopia é uma característica genética e já culpai meus pais por isso durante os primeiros 27 anos após meu primeiro óculos de grau. Todos me apelidavam na escola de coruja seca, mas botei silicone ano passado e calei a boca daqueles que me difamaram.

Faço as unhas semanalmente e sou moça de família, então não adianta me oferecer essas coisas que você usa. Sou fã do Elvis Presley e não perco um capítulo da minha radionovela preferida. Já trabalhei na TV TUPI e hoje, além do trabalho na empresa de telefonia, faço bico de garçonete num boate gay no centro de São Paulo, mas não - NÃO - curto esse tipo de relacionamento.

Já venci, recentemente, concurso de miss na minha cidade natal no interior do estado de São Paulo e atribui tal conquista a essas minhas feições tão admiradas pelos homens e invejadas por vocês, mulheres. Não me culpem pelo meu sotaque carregado, afinal, sou aquela moça do Sudeste que valoriza a cultura do seu estado e preserva bem as raízes da sua terra, como meus mais que comuns “erres” retroflexos - se não sabe o que é isso procure uma fonoaudióloga, meu bem.

Sei que sentirá minha falta, e que com esse meu papo descontraído conquistei sua simpatia, mas não precisa me elogiar logo agora que já estou me despedindo. Elogio é coisa de quem tem inveja, e eu detesto hipocrisia, então não me suje com suas palavras medíocres. E se passar pela rua e me reconhecer – o que seria impossível que não acontecesse – finja que não me conhece e nem ouse se aproximar ou chamar pelo meu nome, ta pensando que eu sou qualquer uma pra falar com você! E como dizia Clô – que Deus o tenha - humildade é para gente cafona - fica a dica.

sábado, 16 de maio de 2009

O que seria do amarelo se todos gostassem de azul?

Completa escuridão. As blusas amarelas se entreolhavam dentro do obscuro guarda-roupa de Mariana, tentando fitar, através da minúscula fissura entre a porta e as dobradiças, o que ocorria na porção exterior do armário. A penumbra embaçava a visão daquelas que, curiosamente, se esticavam para mais próximo da fenda, se enroscando umas nas outras e, em tentativas frustradas, acabavam por se amarrotar.
No quarto, Mariana abria o embrulho recentemente ganhado da madrinha. Nossa! Era completamente diferente daquilo o qual usava. A garota, por tanto gostar de amarelo, comprava tudo o quanto fosse possível dessa mesma cor. Todas as suas peças de vestuário eram nas mais discrepantes tonalidades de amarelo. Talvez por seus cabelos serem louros, ou por gostar tanto Sol. O fato é que se desconhece como a jovial Mariana viera a gostar tanto do tal amarelo.
Em abrir duas das três portas do guarda-roupa, a doce menina, de descompassados olhos castanhos, encontra suas blusas na maior confusão. Numa analogia, lembravam os guardanapos dos finos restaurantes aos quais o pai a levava nos finais de semana cuja justiça havia lhe concedido, dobrados de formas tão inusitadas que dava até pena desmanchá-los. Contudo, quem as havia posto daquela maneira? Pendurou o mais novo presente em um dos cabides desocupados e reorganizou, pacientemente (como de costume), as demais peças.
Foi dormir.
Durante a noite, enquanto azul sonhava, as outras colegas de armário cochichavam entre si, murmurando não ter, a nova moradora, qualquer chance de ser retirada do guarda-roupa, afinal, Mariana somente vestia amarelo.
De manhã cedo, Mariana desce para o café, escolhendo, posteriormente ao banho, a tão comentada blusa azul ganhada de presente. Fez tanto sucesso com ela, entre os familiares e amigos, que passou a sempre utilizá-la.
As demais blusas sempre ficavam tristes por não serem mais escolhidas por Mariana. Em contrapartida, a blusa azul, esta se vangloriava e adorava se mostrar melhor que as outras roupas, por ser selecionada continuamente.
Certo dia, as amigas de Mariana vieram pedir-lhe emprestada a tão magnífica blusa azul. Ela não a quis emprestar. Brigaram. Desse conflito não só saíram lágrimas, tapas e puxões de cabelo, como também uma peça de roupa completamente rasgada, suja e descosida. Saiam! A garotinha ficou sozinha. Passava, delicadamente, a mão sobre o tecido fino e azulado. No interior do armário, as amarelas vibravam com a queda do monopólio azulense, até então aparentemente impermeável.
Mariana! A mãe a chama. É hora de se arrumar para o aniversário da madrinha. A garota olha pro guarda-roupas já aberto e não vê mais graça nas suas antigas vestimentas. Pensa como gostaria de estar com sua blusa azul de golinha alta na festa da madrinha Carmem. Será que ela se decepcionaria em saber que Mariana não cuidou bem do presente? A mãe lhe veio apressar e lhe pôs a roupa. O vestidinho amarelo de babados lhe caiu perfeitamente.
Chegou tímida e acanhada. Carmem logo veio abraçar sua única afilhada. Madrinha, não estou usando seu presente, ele rasgou. Não havia problema, a madrinha, mulher adulta e responsável, chegou à Mariana com toda candura que já lhe era de costume. Meu anjo (parecia um anjinho com aqueles cabelinhos loiros cacheados) o que seria do amarelo se todos gostassem de azul? Coçou a cabeça como quem não havia entendido. A beleza das coisas está na diversidade com que elas se mostram. O presente que lhe dei foi para mostrar a você que novidades nem sempre devem ser mal vistas e que se existe amarelo e azul, verde e roxo, claro e escuro, papai e mamãe, dia e noite é porque cada uma dessas coisas tem sua importância. Amanhã iremos ao shopping e quero ver você escolhendo novas roupas. Bem colorias, madrinha? Do tanto que você desejar.
Abraçaram-se.
Por: Arthur Rocha.

Beleza cara

Não é de hoje que as celebridades vêm investindo horrores de dinheiro na sua estética, o que confirma a teoria de que pra ser bonita, uma pessoa não precisa nascer bonita, basta ter uma conta bancária significativa – em banco internacional e em euro, de preferência.

Para confirmar tudo isso, nada melhor que exemplos da vida real: A belíssima Angelina Jolie, com seus 33 anos, gasta US$ 400 por dia com uma máscara facial de caviar. Tudo para manter a pele sempre jovem.

Já a cantora Madonna investe cerca de US$ 120 mil ao ano com a "Kabbalah water", uma água que promete deixar o corpo mais "puro por dentro".

Outra que adora investir sua fortuna em estética é a modelo Kate Moss. Ela desembolsa cerca de quatro mil dólares por mês para malhar em uma das mais badaladas academias de ginástica de Londres.

Falando agora de famosas brasileiras, temos Deborah Secco que admitiu investir cerca de cinco mil reais por mês em cuidados faciais – imaginem o quanto não deve gastar com os cuidados para o resto do corpo que, vamos combinar, ela nem precisaria.

Hoje em dia, com tantos tratamentos surgindo, a medicina estética tem muito a oferecer – para aqueles com capital suficiente para bancar tamanha vaidade. Se você não é nenhuma estrela de telenovelas brasileiras ou astro de Hollywood, vai ter que se contentar com a máscara de abacate e pepinos nos olhos, afinal, são mais econômicos, bem como mais saudáveis se você utilizá-los, posteriormente, nas refeições.

Por: Arthur Rocha.
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