domingo, 12 de junho de 2011

Ivan Cabral: Um chargista a serviço da população



Nascido em Areia Branca/RN, Ivan Cabral é o exemplo de que o jornalismo se faz além das palavras. Graduado em Ciências Contábeis e Mestre em Educação, seu nome é destaque no jornalismo do Rio Grande do Norte quando o assunto é charge.

Ivan descobriu o gosto pelo desenho ainda quando criança, mas teve sua preparação profissional na adolescência ao conhecer o Grupehq (Grupo de Pesquisa em História em Quadrinhos) e começou a fazer quadrinhos. O chargista disse que sua inspiração vem de nomes renomados nacionalmente, como Ziraldo e Veríssimo, mas também aprecia o trabalho da nova geração, como Jean Galvão, cartunista da Folha de São Paulo.

Profissionalmente, Ivan se inseriu no mercado de trabalho em 1983 quando substituiu Edmar Viana na coluna Cartão Amarelo no jornal Diário de Natal, durante poucos meses. Essa experiência lhe rendeu frutos cinco anos mais tarde, em 1988, ao substituir o chargista Claúdio Oliveira, que se encontrava de férias na época, na Tribuna do Norte. Posteriormente, Ivan apresentou seus trabalhos no Diário de Natal, com a saída definitiva de Edmar do jornal, iniciando de fato sua carreira profissional.

Como jornalista ilustrador, o chargista diz se adaptar aos temas abordados no dia a dia, lendo as principais manchetes e desenvolvendo sua arte. Perguntado, durante entrevista cedida aos alunos da UFRN, se na época em que trabalho em jornal impresso sofria pressão política, Ivan é categórico e responde: “nunca sofri esse tipo de pressão no Diário de Natal”. No entanto, diz ter sido um desafio, anos mais tarde, quando fora chamado para trabalhar no Novo Jornal, dirigido por Cassiano Arruda, no qual suas charges atualmente saem na primeira página, que possui uma posição política muito clara, mas que foi, e é respeitado quanto a sua liberdade criativa.

Falando sobre os novos aparatos tecnológicos, Ivan fala que as mudanças que o tempo trouxe vieram com benefícios, mas também que há um lado não muito bom. Inicialmente ele pintava seus desenhos no papel, sem cor, e depois coloria. Por vota do ano 2000, começou a desenhar no papel e pinta no computador, chegando, às vezes, a fazer tudo nesta máquina. Entretanto, quando isso o acontece fala que se sente triste por não ter a arte original no papel, se for imprimir do computador as cores não saem iguais as que estão estampadas na tela, “é como se a gente perdesse um filho”, diz.

Perguntado pelo estudante de Jornalismo André Araújo sobre o monitoramento do uso de sua arte na internet e nos meios impressos, Ivan diz ser difícil fazer esse trabalho. Há casos em que conhecidos o ligam para comunicar que alguma charge sua está sendo usada em veículos que não são autorizados, fazendo-o entrar em contato com o responsável pela publicação para uma negociação do uso da arte. “É muito complicado ter esse controle. Muita gente usa sem pedir permissão. Mas também venho recebido convites de muitas editoras para publicar minhas charges em livros didáticos e muitas já foram publicadas.” O chargista, em seu blog, libera o uso de seu material como ferramenta pedagógica para professores e estudantes, e até mesmo a reprodução em outros meios de veiculação desde que sejam mantidos por pessoas físicas, sem fins comerciais e citando a fonte.

Com mais de vinte anos de experiência, Ivan diz nunca ter tido um momento de ócio criativo: “É impossível não ter uma idéia, mas prezo para ter ‘a idéia’ e isso às vezes demanda tempo, pelo meu perfeccionismo.” Desmascarando as pessoas do poder, com conteúdo essencialmente editorial, mas nunca denegrindo a imagem de ninguém, essa é a premissa seguida pelo artista. Com essa declaração, o chargista é a garantia de que a criatividade proporcionará um jornalismo ilustrativo diário de qualidade, como podemos conferir no Novo Jornal e em sua página na internet: www.ivancabral.com

Por: André Araújo

* As imagens utilizadas foram retiradas do blog de Ivan Cabral, acima citado.


sábado, 14 de maio de 2011

Nada é o que realmente parece ser

Buscamos todos os dias nos expressar para impor nossas vontades. Através da fala, por exemplo, tentamos nos tornar um ser. Mas o que viria a ser “ser”, se não mais que existir? Pensamos existir num mundo soberano, no qual somos donos de tudo e a tudo podemos. Esquecemos o que, por exemplo, Nietzsche [tentou] nos ensinar a respeito da importância do conhecimento perante a existência.


            Achamos, por possuirmos um intelecto, que fora legado a nós para auxiliar os seres mais infelizes da afirmação de sua existência, pertencer a uma classe infinitamente superior a todas as outras. Por razão de tal intelecto, nos achamos capazes de enfrentar a tudo que possa aparecer. Buscamos através deste a afirmação do ser. Pensamos ser seres pensantes e absolutos do conhecimento, quando não passamos de meras metáforas. Utilizamo-nos da linguagem para firmar conceitos e verdades absolutas. Esquecendo que o rio que corremos é a salvação, procuramos a salvação em nós mesmos, enganando a nós mesmos. Porém, é isso que caracteriza o homem como tal – enganador de si mesmo.


O que na verdade queremos é encontrar a tal verdade, mas esta não cabe ao intelecto humano, pois o homem pensa andar com suas próprias pernas, sem perceber que forças primitivas – que o homem insiste em negá-las – ditam seus movimentos. Nessa busca frenética pela verdadeira essência de ser nos afogamos rio abaixo e pensamos ter encontrado a salvação, quando na verdade estamos nos enganando com mentiras que insistimos como verdades. Através do processo de formação da linguagem, no qual o estímulo nervoso gera uma imagem, que por sua vez gera um som que se transformará em palavra e logo em conceito, o homem acredita ser dono da verdade, quando a verdade não passa de convenções sociais que visam regular os relacionamentos humanos e possibilitar a formação de uma comunidade. Comunidade esta que adora ser enganada. Assim, não saindo dessa busca angustiante de se tornar ser, as coisas não só nunca se passam lá onde se acredita como também não são aquilo que parecem ser.

Por: André Araújo

[Texto produzido para o Projeto de Extensão Cinema & Educação: Um olhar pós-estruturalista]
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