sábado, 14 de maio de 2011

Nada é o que realmente parece ser

Buscamos todos os dias nos expressar para impor nossas vontades. Através da fala, por exemplo, tentamos nos tornar um ser. Mas o que viria a ser “ser”, se não mais que existir? Pensamos existir num mundo soberano, no qual somos donos de tudo e a tudo podemos. Esquecemos o que, por exemplo, Nietzsche [tentou] nos ensinar a respeito da importância do conhecimento perante a existência.


            Achamos, por possuirmos um intelecto, que fora legado a nós para auxiliar os seres mais infelizes da afirmação de sua existência, pertencer a uma classe infinitamente superior a todas as outras. Por razão de tal intelecto, nos achamos capazes de enfrentar a tudo que possa aparecer. Buscamos através deste a afirmação do ser. Pensamos ser seres pensantes e absolutos do conhecimento, quando não passamos de meras metáforas. Utilizamo-nos da linguagem para firmar conceitos e verdades absolutas. Esquecendo que o rio que corremos é a salvação, procuramos a salvação em nós mesmos, enganando a nós mesmos. Porém, é isso que caracteriza o homem como tal – enganador de si mesmo.


O que na verdade queremos é encontrar a tal verdade, mas esta não cabe ao intelecto humano, pois o homem pensa andar com suas próprias pernas, sem perceber que forças primitivas – que o homem insiste em negá-las – ditam seus movimentos. Nessa busca frenética pela verdadeira essência de ser nos afogamos rio abaixo e pensamos ter encontrado a salvação, quando na verdade estamos nos enganando com mentiras que insistimos como verdades. Através do processo de formação da linguagem, no qual o estímulo nervoso gera uma imagem, que por sua vez gera um som que se transformará em palavra e logo em conceito, o homem acredita ser dono da verdade, quando a verdade não passa de convenções sociais que visam regular os relacionamentos humanos e possibilitar a formação de uma comunidade. Comunidade esta que adora ser enganada. Assim, não saindo dessa busca angustiante de se tornar ser, as coisas não só nunca se passam lá onde se acredita como também não são aquilo que parecem ser.

Por: André Araújo

[Texto produzido para o Projeto de Extensão Cinema & Educação: Um olhar pós-estruturalista]
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