domingo, 12 de junho de 2011
Ivan Cabral: Um chargista a serviço da população
sábado, 14 de maio de 2011
Nada é o que realmente parece ser
domingo, 12 de dezembro de 2010
Olha a trufa!
Quando dispensado das forças armadas, Francisco muda-se para o Rio de Janeiro em busca de novas oportunidades. Lá trabalha como vendedor de loja de roupas e camelô. Conhece Regina, com quem é casado até hoje, e depois de 12 anos morando no Rio vem para Natal. Perguntado sobre o motivo da mudança, a resposta vem sem pensar muito: “o comércio começou a ficar fraco”, diz.
“No início moramos na casa de uma irmã minha, mas ela vendeu a casa e tive que juntar dinheiro para comprar uma”, relembra Francisco de sua chegada a Natal. Com dois mil reais ele comprou uma pequena casa no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona norte de Natal, mais ou menos seis anos atrás.
No rosto, Francisco trás as marcas de uma vida difícil e de muito trabalho. Porém, a espontaneidade e simpatia são suas marcas na venda de trufas pelo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Quando chegou a Natal trabalhou como ajudante de pedreiro em algumas obras pela Universidade e conheceu um amigo e, junto a essa amizade, a oportunidade de um novo negócio, vender trufas. A parceria vem dando certo há três anos. O amigo fabrica as trufas e repassa para Francisco a R$ 0,75. O homem da trufa, como é conhecido pelo setor II da universidade, as vende por um real.
Alguns alunos já são amigos reconhecidos por Francisco que diz se dar muito bem com os jovens, “os alunos me tratam bem, são legais e fiz amizade com alguns”. Sem expressões muito aparentes, ele relembra um fato recente que o emocionou muito: “os alunos me protegeram de um segurança que quis me retirar do setor, pois queriam proibir a permanência de ambulantes pela universidade”.
Francisco segue com suas vendas e com sua luta por uma vida melhor a partir do seu trabalho digno e seu poder de venda, que adquiriu quando mais jovem. Ele é um dos grandes exemplos da massa de trabalhadores brasileiros, sem carteira assinada, que vêem no comércio autônomo a oportunidade do seu sustento.
Por: André Araújo
sábado, 13 de novembro de 2010
Processo grupal e influência social em “A Onda”
É perceptível a coesão do grupo formado por “A Onda”, os indivíduos envolvidos estacionam e os processos de interação tornam-se circulares. Percebem-se as tipologias dos grupos em função de estágios alcançados pelo movimento, visto em LANE (2001): “O primeiro estágio seria o de grupo aglutinado, no qual há um líder que propõe ações conjuntas e do qual os membros esperam soluções” Nesta fase, o professor propõe o experimento aos alunos a fim de fazê-los alcançar o sucesso através da disciplina. “Num segundo momento, temos o grupo possessivo, onde o líder se torna um coordenador de funções, e onde as tarefas exigem a participação de todos levando a maior interação e conhecimentos mútuos”, na qual Ross instiga os alunos a obedecerem as regras, ensinando-os como se comportarem, ajustando suas posturas, por exemplo. “Na terceira fase, temos o grupo coesivo, onde há uma aceitação mútua dos membros, o líder se mantém como coordenador e a ênfase do grupo está na manutenção da segurança conseguida, vista como um privilégio. É um grupo que tende a se fechar, evitando a entrada de novos elementos.”, os alunos, nesta fase já estão adeptos aos métodos utilizados pelo professor e sentem-se privilegiados de fazerem parte de “A Onda”, porém aqui, eles são instigados a chamarem novos membros para o grupo a fim de tornar o movimento maior, mais abrangente. “ Por fim, temos o grupo independente, com a liderança amplamente distribuída, pois o grupo já acumulou experiências e aprendizagens; os recursos materiais aumentam e as metas fundamentais vão sendo alcançadas, surgindo novas metas que visam o desenvolvimento pleno dos membros e das pessoas que se relacionam com o grupo. É um grupo onde as relações de dominação são minimizadas e a coordenação das atividades tende para a autogestão.”, esta é a fase na qual os estudantes já estão altamente acostumados com as regras e tornam-se lideres observadores do comportamento social dos outros membros e também das pessoas que não fazem parte do grupo, punindo aqueles que desobedecem as regras impostas.
O professor Ross se declara o líder do movimento de “A onda”, exercendo alguns tipos de poder explanados em RODRIGUES (2007), como poder de recompensa, influenciando os alunos a obedecerem às regras para conseguirem o sucesso, o poder de coerção, punindo os integrantes que não cumpriam as normas, poder de legitimidade do tipo em que a legitimidade decorre da dependência, por parte do líder, da cooperação dos seus liderados para atingir um objetivo comum, exposto por Raven (1993), poder de referência, quando os alunos passam a emitir comportamentos semelhantes aos expostos por seu líder e também semelhantes entre si e poder de conhecimento, já que o professor exerce um cargo de influência por si só, os alunos aceitam as condições impostas, pelo fato de confiarem nos conhecimentos de seu docente, pensando ser algo bom para eles e que Ross teria conhecimento do que estava fazendo, estimulando a disciplina e fazendo valer o poder superior do grupo sobre os indivíduos. Os estudantes o obedecem cegamente, visto a força de sua credibilidade e proximidade do grupo, enfatizado por Latané (1981) como “força da fonte (visibilidade, status, credibilidade e poder das pessoas que estão influenciando)” e “proximidade (estarem perto ou não da pessoa-alvo), a partir de réplicas dos experimentos de Asch (1946). A tímida recusa de um aluno o obriga a conviver com ameaças e exclusão do grupo, pois “quanto maior o grupo, maior a pressão e maior o conformismo” (Gerard – 1968) em relação à situação em questão. A escola inteira é envolvida no fanatismo de “A onda”, até que um casal de alunos mais consciente alerta ao professor ter perdido o controle da experiência pedagógica que passou ao domínio da realidade cotidiana da comunidade escolar.
O filme tem seu desfecho quando o professor convoca todos os membros do movimento para uma reunião na qual seria exibido o líder nacional de “A Onda”, porém Ross desmascara a ideologia totalitária que sustenta o comportamento dos alunos e discursa sobre o desaparecimento do sujeito crítico diante do poder de um líder e do fanatismo por uma causa. Vale destacar o discurso final do filme: “Agora prestem atenção! Não há nenhum movimento nacional da juventude. Vocês acharam que eram especiais. Melhores que qualquer um fora dessa sala. Vocês trocaram sua liberdade pelo luxo de se sentirem superiores. Vocês aceitaram a opinião do grupo acima da sua própria convicção sem se importar quem vocês magoavam. Todos vocês acreditaram que poderiam ir embora a qualquer momento que quisessem. Mas para onde vocês estavam indo? Até onde iriam? Sim, todos nós daríamos bons nazistas. Colocaríamos os uniformes, viraríamos a cara para nossos amigos e vizinhos, deixando-os serem processados e destruídos. Fascismo não é uma coisa que outras pessoas fizeram. É exatamente isso aqui. Em todos nós. Vocês perguntaram como é que o povo alemão não fez nada enquanto milhões de pessoas inocentes eram assassinadas? Como eles poderiam dizer que nem sabiam? O que leva as pessoas a negarem sua própria história? Bem, a história se repete. Todos querem negar o que aconteceu com vocês em “A Onda”. Mas eu digo que a experiência foi um sucesso. Vocês aprenderam que todos somos responsáveis pelas nossas próprias ações. E que vocês devem preferir se questionar do que se cegarem e seguir um líder. E que pelo resto de suas vidas vocês não permitirão que a vontade de um grupo retire os seus direitos individuais. Eu sei que isso é doloroso para vocês. É também para mim. Mas é uma lição que todos compartilharemos para o resto de nossas vidas.”
O filme consegue mostrar o risco que o sujeito corre de perder a liberdade e a autonomia, submetendo-se incondicionalmente ao poder de um grupo, alimentados por uma causa absoluta e utilizando slogans para ordenar uma ação automática, sendo manipulado por discursos e movimentos de massa, fazendo desaparecer o sujeito crítico.
Filme: “A onda” [ The wave] – Dur.: 45 minutos – Direção: Alex Grasshof - País: EUA - Ano: 1981. Elenco: Bruce Davison, Lori Lethins, John Putch, Jonny Doran,Pasha Gray, Valery Ann Pfening.
LANE, Sílvia T.M. O processo grupal. In: LANE, Silvia T.M.; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento.13. ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.
RODRIGUES, A.; ASMAR E.M. L.; JABLONSKI, B. Psicologia Social. 25ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
domingo, 31 de outubro de 2010
Quando a brincadeira deixa de ser divertida
sábado, 16 de outubro de 2010
Conversa de amigo
sábado, 9 de outubro de 2010
A nota
sábado, 2 de outubro de 2010
Observação intervalar
Estou em intervalo de aula e resolvi permanecer em sala, até a chegada do professor. Tem um grupo de amigas sentadas, bem à minha frente, que conversam e riem sobre seus problemas familiares. Camila, fala de sua prima, que tem problemas de dicção e troca o “r” pelo “s”, dando alguns exemplos de situações e ri ao lembrar-se de tanta coisa que já presenciou. Camila é uma garota alegre e gosta de conversar, nasceu com uma doença que causou má formação de membros superiores e inferiores, causando-lhes dificuldades para andar e manusear objetos. Mesmo assim, ela parece superar esse problema com certa facilidade, mas me vem à mente o quanto foi difícil para ela se acostumar com a idéia de ser “diferente”, como ela se adaptou às situações. Não deve ter sido nada fácil nem engraçado quanto à conversa que ela tem com as amigas.
Em outro canto da sala, Raquel, Felipe e Luciana discutem sobre o preconceito que Raquel está enfrentando por ser lésbica. Ela diz que está difícil aguentar a rejeição das pessoas, das quais ela achava que mais teria apoio, como amigos e familiares. Os dois colegas tentam consolá-la com um: “calma, isso vai passar”, e ela firmemente pergunta “quando?”. Está triste e afirma que as pessoas não entendem e não estão preparadas para aceitar a felicidade dos outros, como eles são. Os amigos concordam e tentam erguer sua autoestima, com brincadeiras e lembranças de acontecimentos passados e engraçados. De certa forma, ela sente-se confortada por eles.
O grupo de amigas em minha frente continua empolgado na conversa. Agora, mais uma juntou-se a elas, foi Carol quem chegou e está falando sobre o professor de história que, frequentemente, sorteia brindes em suas aulas e ela nunca tem a sorte de ganhar nada, diz que seu “santo é fraco”. Já Manu, fala que sempre teve muita sorte e desde pequena ganha quase tudo que concorre. Isso foi um gancho para os assuntos da infância delas e a mesma Manu, tão cheia de sorte, começa, tristemente, a falar que sempre foi muito sozinha, nunca tinha ninguém para brincar, já que sua única companhia era seu irmão mais velho, que tinha muitos amigos e mal vivia em casa, e sua mãe que trabalhava praticamente o dia todo, além de controlar seus horários. Carol fala que até pode não ter tanta sorte com os brindes, mas é feliz com a infância que teve, gozando de certa liberdade e muitas amigas em sua casa para brincar. Começa a lembrar das várias brincadeiras de criança e isso faz Manu refletir sobre sua sorte: “será maior ou menor que a da minha amiga? Para que ganhei tantos brinquedos se nunca tinha ninguém para partilhar suas alegrias? É tudo muito complicado”, prefere não pensar muito nisso e mudar de assunto.
Felipe e Luciana, antes em um clima meio tenso, agora riem e escutam a amiga Raquel falar sobre sua paixão, sua felicidade e a sorte de estar namorando há 10 meses com a pessoa que ela mais ama e que tanto admira, que tanto lhe dar forças para enfrentar o que está passando. Os amigos sentem-se felizes por ela e a abraçam.
No grupo, Érica está em dúvida e enlouquecendo com a escolha da roupa que irá usar na festa de sua cunhada e diz estar desesperada, pois não consegue achar um sapato que combine com seu vestido e já não sabe mais o que fazer. As amigas tentam ajudá-la, dando-lhes sugestões, mas ela não se conforma com nenhuma e verifica que, além de estar em dúvida com a escolha do sapato, nem sabe mais se realmente irá usar aquele vestido que planejava. Cessam-se as conversas. O professor chegou e hoje não tem sorteio, é chocolate para todo mundo da sala.
Afinal, quem tem mais sorte? Quem enfrenta o maior drama? Quem é mais feliz? Realmente tem dias que a paisagem de fora parece ser melhor. Num mundo onde tantos prezam falar para se expressar, há aqueles que observam para aprender e entender, imaginando a vida de quem passa sem pretensão de saber a “verdade”. Quem observa o outro, acaba aprendendo muito de si.
domingo, 26 de setembro de 2010
Favor de político
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Enquanto isso, no restaurante...
terça-feira, 7 de setembro de 2010
#RT
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Afetividade contemporânea: um olhar sobre os relacionamentos familiares e amorosos
A configuração familiar, com o clássico modelo homem e mulher que se casam, tem filhos e ficam juntos até que a morte os separe, vem modificando-se no decorrer dos tempos com o surgimento das novas formas de agrupamento familiar, onde se tornam cada vez mais frequentes os divórcios, recasamentos, mães solteiras, reprodução independente e as uniões homossexuais. A figura do homem como chefe de família, responsável pelo sustento financeiro, e a da mulher como educadora dos filhos e organizadora do lar vem sendo reconfigurada e as funções estão mais compartilhadas.
Somado a todas essas mudanças, as características sociais como o consumismo, a busca da felicidade imediata e o individualismo vêm transformando, de forma radical, as relações afetivas não só entre pais e filhos como também entre quaisquer indivíduos da sociedade contemporânea. Hoje, é comum encontrar pessoas com seus fones de ouvido, notebooks, celulares etc., exercendo uma relação que até pouco tempo atrás era tida como uma forma alternativa de manter comunicação entre os indivíduos e que agora se tornou primordial.
O surgimento da internet e de novos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que facilitou a vida de muita gente, também foi o responsável pelas novas formas de relacionamentos: as pessoas estão mais isoladas em um “mundo particular” e compartilham suas emoções por meios virtuais. As pessoas não conhecem bem umas as outras mesmo sendo, muitas vezes, tão próximas, e os relacionamentos estão mais efêmeros e supérfluos.
No contexto familiar, o filho passa a ocupar o papel de aluno, uma vez que os pais destacam, exageradamente, a vida escolar das crianças como um elemento mediador de suas relações, e os pais tornaram-se meros financiadores, pois os filhos os enxergam apenas como os responsáveis pelo seu sustento.
A convivência com os outros, a construção das virtudes e da moral familiar, a transmissão de ensinamentos, histórias, princípios e tradições vêm perdendo terreno, o que, segundo alguns estudiosos, trata-se do declínio das relações sociais. O desafio que nos resta, em um momento de transição e crise que estamos passando, é refletir a respeito destes fenômenos e buscar novas maneiras de encarar antigas tradições.
Por: André Araújo