domingo, 12 de dezembro de 2010

Olha a trufa!

“Olha a trufa, um real.” – talvez essa seja a frase mais repetida durante o dia de Francisco Erivan Sobrinho, 39. Vindo de uma família humilde do interior do Rio Grande do Norte, município de Fernando Pedrosa, Francisco logo cedo teve que aprender a arte do empreendedorismo autônomo.

Quando dispensado das forças armadas, Francisco muda-se para o Rio de Janeiro em busca de novas oportunidades. Lá trabalha como vendedor de loja de roupas e camelô. Conhece Regina, com quem é casado até hoje, e depois de 12 anos morando no Rio vem para Natal. Perguntado sobre o motivo da mudança, a resposta vem sem pensar muito: “o comércio começou a ficar fraco”, diz.

“No início moramos na casa de uma irmã minha, mas ela vendeu a casa e tive que juntar dinheiro para comprar uma”, relembra Francisco de sua chegada a Natal. Com dois mil reais ele comprou uma pequena casa no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona norte de Natal, mais ou menos seis anos atrás.

No rosto, Francisco trás as marcas de uma vida difícil e de muito trabalho. Porém, a espontaneidade e simpatia são suas marcas na venda de trufas pelo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Quando chegou a Natal trabalhou como ajudante de pedreiro em algumas obras pela Universidade e conheceu um amigo e, junto a essa amizade, a oportunidade de um novo negócio, vender trufas. A parceria vem dando certo há três anos. O amigo fabrica as trufas e repassa para Francisco a R$ 0,75. O homem da trufa, como é conhecido pelo setor II da universidade, as vende por um real.

Alguns alunos já são amigos reconhecidos por Francisco que diz se dar muito bem com os jovens, “os alunos me tratam bem, são legais e fiz amizade com alguns”. Sem expressões muito aparentes, ele relembra um fato recente que o emocionou muito: “os alunos me protegeram de um segurança que quis me retirar do setor, pois queriam proibir a permanência de ambulantes pela universidade”.

Francisco segue com suas vendas e com sua luta por uma vida melhor a partir do seu trabalho digno e seu poder de venda, que adquiriu quando mais jovem. Ele é um dos grandes exemplos da massa de trabalhadores brasileiros, sem carteira assinada, que vêem no comércio autônomo a oportunidade do seu sustento.


Por: André Araújo

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