Ventava muito, o jornalista acordou para fechar a janela do quarto e barrar todo aquele frio. Alguns goles de café forte e sem açúcar antes de sair de casa. Ele nunca deixava de tomar o tal café, era a única coisa que, segundo ele, o mantinha aceso na redação o dia todo.
Na cozinha, passava os olhos ao acaso quando pousou a vista sobre o calendário de parede. Era primeiro de novembro e o único pensamento que lhe veio a mente naquele instante foi de como escrever um texto diferente, talvez inovador para o dia de Finados. Todos os anos, seu chefe de redação sempre lhe confiava o espaço do jornal destinado a essa efemeride. Mas o que poderia fazer?
Deu bom dia à secretária, à moça do café, a seu Antônio entregador de encomendas, mas todos pareciam tão ocupados que não o responderam. Dirigiu-se à terceira sala do corredor e achou estranho a porta estar aberta, pelo menos não precisou nem tirar a chave do bolso.
Mais uma coisa chamou a sua atenção: onde estariam as coisas de sua mesa? Suas pastas? Seus arquivos? Talvez Dalva os tivesse tirado para fazer a limpeza da sala. Não importa, faria seu trabalho assim mesmo.
As horas se passavam, os dedos cansavam, mas com afeição ao seu trabalho, o jornalista, por fim, terminou. Deixou o texto na mesa do editor do jornal para ser revisado e publicado na edição de amanhã.
Achou estranho ninguém o ter procurado em sua sala durante todo o turno, o que normalmente nunca acontecia, no entanto, deixou sua sala, cruzou o corredor e saiu de fininho - não queria que Geraldo reparasse que ele já estava de saída, afinal, não seria a primeira nem a sétima vez que seu colega de trabalho se aproveitaria, segundo ele, de sua boa vontade, ainda por cima, seu Geraldo Pulmão Podre tinha o péssimo hábito de fumar dentro do carro e nem para jogar as piubas no lixo, sempre ficavam no assoalho do veículo.

Que estranho. Passava as páginas, mas nem sinal do texto. Folheou de trás para frente, de frente para trás e nem sinal. Abriu numa página aleatória. Viu uma pequena nota com sua foto. Resolveu ler. O jornal da Manhã havia publicado uma homenagem ao grande jornalista que muito contribuiu para a empresa e já não estava mais entre nós.
Por: Arthur Rocha.
muito bom!
ResponderExcluirBlog muito bom em conteúdo. Diversificado e indiciador do grande jornalista que você será. Sugiro que refaça esse design, optando por uma cor mais clara. Esse formato gráfico dá um aspecto quase gótico. A não ser que seja essa a intenção.
ResponderExcluirAbraço,
Emanoel Barreto
*----* gostei pakas, õ/
ResponderExcluirseguindo, abraço.
Não preciso nem escreve muito, pois sempre considerei o trabalho de Arthur Rocha magnifico em meio ao vazio da internet, esse blog apenas confirmam minhas afirmações.
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